terça-feira, 10 de abril de 2012

OLHE LÁ EM CIMA


27/09/2010
Olhe lá em cima e veja se pode voar,
Não como os pássaros,
Mas sim, como os aviões!

Eu tive que apagar o fogo do inferno
E mudar as estrelas de lugar
Para perceber que poesias são só poesias!
(BLIMER - apenas medidante)

PESQUISE AMANHÃ


15/12/2006
Eu tenho um sonho!
Eu sinto que eu tenho um sonho!
Eu sonho que sinto
Que tenho um sonho!
Eu sonhei com isso!
(BLIMER - filosofando com as próprias insônias)

PRECISO ME VER PELAS COSTAS


17/03/2003
Tão pouco é preciso fazer
Quando o espirito sai do corpo,
São dois "eus" que se dividem:
Um, são placas de hormônios;
O outro, sentimentos bastardos!
(BLIMER)

MUITO TARDE


14/01/2003
Um certo dia
Tive que trocar de remédio...
Vi um arco-íris de tarja preta
Sorrindo para mim!
(BLIMER - o exímio caçador de ampolas)

EU PEDI... PRA NÃO SER


03/06/2008
Não vou ser o ser que de ser não tem o que ser,
Serei sim um ser que de ser sempre será,
São seres que vão e vem onde os seres serão,
Senão o ser que não ser
Nunca deixarás de ser ou será um ser
Apenas sendo...
Apenas sendo...
(BLIMER - sendo o que for, não pediu pra ser)

+++Primevo


Escorria nos teus seios
um fel admirável
e o teu perfume inundava o cobertor

era eu teu descontrole primitivo,
éramos quase a equação das sensações

Primevo, era essa definição
o inicio e o fim de toda sedução...

(Primeva estação, Liu Impaléa 2012)


Agride, Agride, Agride
até sair suquinho
coloco teu sofrimento num copo
que jaz o teu corpo sozinho

- mãe? eu to sozinho?

Agride, Agride, Agride
estoura teu olho com podridão
protejo calado a tua amiga
enquanto arranco os olhos do teu irmão

Agride, Agride!!!
cortei tua cara com lápis de cor
e dentro desse torpor, estava eu louco, não?

- Pai, largar o filho pra hienas foi a pior execução.

(Ditadura de ninar, Liu Impaléa 2012)


Cheias de metáforas
sobre as cores e a coisificação
inventando teses em papéis, papiros, caixões.
habilitando idéias pra centrar a atenção
existia um bilhete na porta da tua mente

-trancado para revisão.
(Revisão transmarginal, Liu Impaléa 2012)


Minha igreja é o banheiro,
onde vomito pensamentos,
e dentro do vazio o bacio é o julgamento...

reflexo (eixo Deus-alma)


As estrelas podem ser luzes de janelas
e o que delas vemos de cá
é a imagem decomposta em fragmentos
de uma sala muito espaçosa e transcendente
em que senta confortabilissimamente
a Santíssima Trindade.
Podem, ademais, ser fendas corrompidas
por nossa vontade que treme quase perenemente, perplexa por vê-las
tremendo perplexas e quase perenemente
- como um desejo de não explodir ainda
para que tudo se iluda diante de sua
falsificação de fragilidade.

Assisto o futuro apocalipse como quem olha um espelho.

Biografia definitiva


"Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus." João 1,12

Há um milênio atrás a lua já tentava concorrer com a luz e a minha pele fritava diante desta batalha
enquanto eu recuava em calabouços e me alimentava de alguns vegetais que monstros e demônios colocavam em meu prato.
Digeria tudo isso diante de uma platéia de dois olhos que se convergiam em um olhar.
E multidões de outros homens aniquilavam-me em seus pensamentos.
E tudo neste momento era uma inquisição. Os inquisidores e a fogueira flutuando.
Como num ritual monstruoso que se erguia sobre duas pernas humanas ainda não mutiladas.
E um lustre que invejava o poder do sol perseverava a iluminar o topo das minhas cabeças.
Depois disso veio a noite, a tenebrosa noite em que as feras dormiam e sonhavam com o meu sufrágio.
E eu era o pai de todas as crianças famintas que choravam bêbadas pela rua.
Já que meus ouvidos eram os únicos donos de suas vozes e meus olhos distantes, do alto da torre, eram a única segurança que eles tinham quando tropeçavam nos ratos e baratas que, por sua vez, tinham o que comer.
De lá também eu assaltava a imagem dos peregrinos perdidos e condenava cada um deles à minha própria solidão.
Já que eles não amaram um amor tão imenso e não alimentaram as nuvens negras da noite com as lágrimas pelos pecados que cometeram.
E todo pecado era uma vontade de ser feliz...
Eu morava lá, onde o vento consagrava-se demolidor; naquele castelo em ruínas, abandonado pelo meu corpo e por minha saúde, cacoete da minha alma perseverante...
Porque sabia que, assim como o mineral para tornar-se planta teve que ser absorvido nesta, e esta para tornar-se animal teve que ser integrada neste, e este para tornar se homem teve que ser digerido por este
conhecia também que o homem para tornar-se Deus precisou renunciar-se a si, inimizar-se de sua filáucia.
E eu queria integrar-me n'Ele,
queria voltar para casa.
E assim como o Verbo se fez carne, a carne se fez Verbo quando a mais bela e mais humilde das três Marias desceu e me concedeu seu lugar.
A chuva que ali caia apagou seu fogo, mas eu voltei para a casa de meu Pai e abracei sua escuridão com meus braços invisíveis.
E meu olhar brilhava diante do Seu poder.
Durante muitos séculos, crianças famintas rezaram por mim e os peregrinos se guiaram por minha presença.
Desde então tudo o que existe vem sendo possível.

sábado, 7 de abril de 2012

DOS DEVANEIOS DO QUE VI E OUVI COMO HABITANTE SOLITÁRIO EM LUGAR ALÉM.


Primeiro Devaneio – Do Cajueiro

Um horizonte a se aproximar do olhar e que é de tantas lonjuras, de tantos desgastes para ser alcançado. Ventania deu para levar ao de lá a chuva, o sol arde dolorosamente sobre a areia molhada, coisa de cegar os olhos, de querer escondido se aninhar, pra o de longe fugir, adentrando por matas que o sol não ou, então, cerrar a casa e ficar ali, não sendo, até que o sol amaine.
Ontem subi pé de cajueiro, mas não qualquer cajueiro, diria até que era um senhor cajueiro, tronco grosso, reto, com galhos firmes e longos, deve ter para mais de dez metros de altura, ele. Subi até a ponta e fiquei lá, escorado, sendo embalado pelo vento que soprava forte, olhando o rio a se dobrar em curvas, se perder em mangues com suas lamas e seus seres de lama ou, se desfazer em brancas praias habitadas de seres mais sujos que os habitantes dos mangues, mais peçonhentos, mais abomináveis, mais vestidos de cores laranjadas e verdes limão, seus vermelhos que brotam em profusão, como brotam gargalhadas alcoolizadas, como brotam sons enervantes em volumes histéricos. Tudo para esquecer do vazio da vida, da amplidão de nadas, do não mais querer para o futuro a não ser outras máquinas mais enervantes que produzam sons mais histéricos, gargalhadas mais abomináveis. Tudo para mostrar ao maior número de gentes o quanto são supostamente felizes, pois que bebem e riem e gastam e jogam em torno suas excrescências. Tudo para abafar os sons e as imagens dos seres da lama, aqueles, mais limpos, que cavam cada vez mais fundo o mangue para fugir, para se esconder, para não ser. Pensar nisso olhando o rio de cima do cajueiro, fez tudo derreter, perder o viço, fechei os olhos querendo me tornar parte do cajueiro, parte do embalar, parte do vento. O imperativo grito de mico sentado em galho próximo, a não mais de dois metros me tirou do devaneio de árvore. Senti-me acusado por seus redondos olhos brilhantes e seus dentes afiados, devidamente perfilados e a mim exibidos, de estar em lugar que não cabia, pois que pontas de árvores são lugares para micos e não para humanos que se perdem em devaneios de rio. Desci do cajueiro e tomei trilha de outros bichos, outros seres, mas não me perdi.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Edição Online do Buzine #4. Fevereiro de 2012

Quem tiver problema em ler os textos devido a fonte estar pequena, é só fazer o download do zine aqui:
http://migre.me/8ebWG
Aumente pro tamanho que quiser e aprecie sem moderação!








Edição online do Buzine #1. Outubro de 2011.




Link para download: http://www.4shared.com/file/yeP0e3VK/Buuuzine_1.html 

Edição Online do Buzine #2. Dezembro de 2011

 Clique na foto para ampliar. 
Caso a leitura esteja ruim, na página inicial do blog temos todo o conteúdo digitalizado.